Casa Sem Teto 

Autoria: Luísa Ramires

Suporte: Monotipia serigráfica com tinta de base de pigmento s/ tecido de algodão

Horário: Toda a duração do festival

Ao criar esta instalação, disposta entre os vários quartos que compõem a casa, Luísa pretende aprofundar conceitos como a passagem, metamorfose e transformação. Gaston Bachelard no seu livro “Poética do Espaço” (1957) afirma:

“Como o tudo se torna definido no mundo do espírito quando um objeto, uma mera porta, pode apresentar imagens de hesitação, tentação, desejo, segurança, acolhimento e respeito. Se uma pessoa tivesse que contar todas as portas que fechou e abriu, todas as portas que gostaria de reabrir, teria de contar a história de toda a sua vida.”

A instalação Another chance – “Outra oportunidade” em português – fala sobre a metáfora do peso de abrir uma porta, de criar oportunidades, arriscar e entrar num lugar desconhecido ou o que implica ficar num espaço seguro. Estas obras pertencem a um todo. Os padrões e elementos digitais completam-se de forma a criar uma forma total. O espaço em que a instalação se encontra tem a forma de uma casa. Está hoje destruído mas foi em tempos utilizado. Com o conjunto “Another chance” pretende-se pensar num futuro, numa possibilidade de um renascimento.

A ausência no espaço da abertura das portas justifica a existência das obras, com a mesma dimensão de uma porta e alinhadas na passagem entre quartos. Obrigam o observador a entrar e observar cada divisão, na impossibilidade de se deslocar numa linha reta entre as portas. Traduz-se numa instalação, onde o visitante pode mergulhar e questionar como o espaço é ocupado e vivenciado.

Casa Sem Teto

Autoria: Lukanu

Suporte: Instalação + Performance

Horário Instalação: Toda a duração do festival

Performance: 13 Setembro 20h25 — 21h

Matxikadu é uma performance, concerto de dança e música, que combina música eletrónica, hip hop, kuduro e música tradicional angolana. Explora o estereótipo do homem negro em Portugal, a sua experiência e relação com a violência, afirmação da masculinidade, força, raízes e familia, mostrando uma máquina criada por tudo o que viveu e lhe foi dito que é certo. É um espetáculo que explora a ideia de futuro, não apenas no som, mas também na maneira como o homem negro pode superar os traumas longe do estereótipo, conquistando a liberdade de ser o que é, ou seja criando o seu próprio futuro.

Corredor

Autoria: Margarida Lopes Pereira

Horário: Toda a duração do festival

Os leques criam vento, os papagaios voam, as roupas no estendal do quintal dos meus avós esvoaçam. As cortinas da porta flutuam quase coladas aos chão, onde o vento passa para criarem uma melodia própria e formas reflectidas no chão. Uma passagem, algo passageiro, um passageiro.

As peças apresentadas resultam de referências do meu dia-a-dia onde se pode sentir e/ou observar a influência do vento. Um conjunto de formas repetidas que esvoaçam, mudando a cada toque do vento. Cada ondulação do vento traz padrões em constante mudança, uma paisagem mutável.

Pretende-se uma escultura aérea e esvoaçante. A escolha de cores e formas remete a detalhes observados na rua, em edifícios, no caminho casa-atelier.

Autoria: Sepher

Horário: Toda a duração do festival

Esta obra celebra aqueles que silenciosamente sustentam o quotidiano. Enquanto os reis e rainhas, os presidentes e atletas são lembrados em mármore e bronze, as pessoas que mantêm o mundo a girar permanecem invisíveis. Aqui, erguemos a estátua de um humilde senhor das limpezas, como um tributo à sua presença indispensável e uma lembrança de que a grandeza não mora apenas nos palácios, mas também nas mãos que constroem, limpam e cuidam, cujo trabalho nunca recebeu o mérito ou a dignidade que merece.

Palácio 

Autoria: Projeto Uma Só Palavras realizado pela Associação Jipangue

Horários: 13 Sábado  15h – 19h: Recolha de histórias.

14 Domingo  14h – 17h: Mostra das histórias recolhidas com mini atuação de Spoken Word.

Às Escuras é um espaço onde as histórias respiram sem rosto, mas carregam a voz de um lugar.

Num quarto de luz apagada, cada participante é convidado a partilhar — com a voz ou através da escrita — memórias, fantasias, segredos ou invenções. O anonimato é garantido: aqui não importa quem conta, apenas o que é contado.

Entre as vozes, ecoam fragmentos da Linha de Sintra — sons de ruas, cheiros de mercados, passos apressados para o comboio, memórias de infância, lendas de bairro e sonhos ainda por cumprir. Cada narrativa, seja um sussurro ao microfone ou palavras deixadas em papel, torna-se parte de um mosaico coletivo, onde o território se revela e a comunidade se reconhece.

No Às Escuras, a ausência de luz abre espaço para a presença plena da história e para a descoberta de que, mesmo no anonimato, partilhamos o mesmo chão.

Labirinto

Autoria: Nossa Fonte

Horário: Toda a duração do festival

Contrapé parte do conceito de rodapé para propor uma inversão crítica: se no design gráfico e espacial o espaço negativo é entendido como o que sobra, aqui ele assume a função de orientar. A instalação convoca percursos de deslocamento, caminhadas e caminhos desbragados, onde o que parecia marginal se torna eixo de afirmação e de resgate de histórias não contadas.

A instalação reorienta a narrativa sobre o espaço construído no século XVI, colocando-o em diálogo com pontos de vista críticos contemporâneos.